Livio Ribeiro

Pesquisador associado do FGV/IBRE e sócio da BRCG, especializado em China, economia internacional, países emergentes e setor externo brasileiro. Além disso, é consultor em macroeconomia e em avaliação de políticas públicas, com projetos tanto no Brasil como no exterior. Mestre em economia pela PUC-Rio, possui publicações nas áreas de comércio exterior, economia internacional, finanças públicas, economia do tabaco e relações sino-brasileiras.

 

Economia chinesa: muita calma nesta hora

O humor do mercado em relação à China varia de tempos em tempos. Nas fases positivas, é lembrado como um país de forte crescimento, motor do comércio global, com grande capacidade de investimento, ascendente na cadeia global de valor e que possui um projeto organizado para aumentar a sua projeção externa de poder (econômico, político e cultural): um desafiante, cada vez mais real, à posição hegemônica americana.

A eleição chegou aos preços?

Desde o final de janeiro deste ano, ocorreu um importante enfraquecimento da taxa de câmbio, saindo de R$ 3,15/US$ para as cercanias de R$ 3,50/US$. Este movimento não foi distribuído de forma homogênea e ganhou renovada atenção nas últimas semanas: há pouco mais de um mês, a taxa de câmbio ainda se situava abaixo de R$ 3,30/US$. Tamanho movimento ressuscitou o interesse sobre o câmbio e motivou o (re)aparecimento de inúmeras teorias para explicá-lo.

A insustentável leveza do dólar

Causou espécie a declaração de Steven Mnuchin, secretário do Tesouro dos EUA, sobre a fraqueza do dólar americano feita no Fórum Econômico Mundial. Na letra fria, nada dramático – não haveria preocupação com o seu nível no curto prazo e uma moeda mais fraca tenderia a ser boa para as exportações (de tabela, para o crescimento). A médio prazo, no entanto, a força do dólar refletiria o próprio desempenho da economia americana e sua posição central como reserva de valor global.

Cruzando o rio, sentindo as pedras sob os pés

Quando do início da abertura chinesa para o mundo no final dos anos 70, Deng Xiaoping cunhou uma expressão que resume, de forma precisa, o jeito chinês de promover mudanças: “É preciso cruzar o rio sentido as pedras sob os pés”. Ou seja, toda mudança não é necessariamente linear, mas sim baseada em tentativa e erro (inclusive com eventuais retrocessos), e deve ser feita de forma lenta, ponderada e, na medida do possível, segura.

Curtindo a vida adoidado... mas o risco é esquecer as reformas

Taxa de câmbio próxima do nível anterior ao evento JBS, juros e inflação em queda, sinais mais claros de recuperação da atividade e Ibovespa em novo máximo histórico. Quem acompanha o noticiário econômico e vê o comportamento recente dos mercados fica com a impressão de que os economistas estão sempre procurando fantasmas onde eles não existem, e que a tão falada necessidade de reformas estruturais é mais um exagero dos derrotistas de plantão.

Turbulência no encontro das águas

Não sei se os leitores já tiveram a oportunidade de presenciar o fenômeno do encontro das águas perto de Manaus. De um lado vem o Rio Solimões, barrento e revolto. Do outro lado, o Rio Negro, mais calmo e com suas águas escuras. A negociação entre ambos não é fácil; de início não se misturam e correm lado a lado. Pouco a pouco um rio avança sobre o outro, em um processo turbulento e bastante gradual. Eventualmente as águas se fundem e a vida segue.

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