Manoel Pires

Coordenador do Observatório de Política Fiscal do FGV/IBRE e pesquisador da UnB. Foi Coordenador de Política Fiscal na SPE entre 2008 e 2010 e Chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento em 2015.

Inovações na política econômica durante a crise

Nas últimas semanas houve amplo debate sobre a melhor forma de financiar o governo no combate à crise. Muitos analistas desperdiçaram volumes enormes de energia explicando como funciona o sistema monetário nacional. É importante observar que a parte mais imediata do problema está em fazer as políticas desenhadas funcionarem corretamente porque muitos recursos foram disponibilizados. Com tantas distrações, perde-se o que é importante.

Mantendo o foco na crise

Um aspecto que dificulta a reação à crise é a velocidade dos acontecimentos. Inicialmente, houve descuido das autoridades que minimizaram seus riscos, provavelmente, em função da experiência em episódios anteriores como o SARS ou H1N1. Depois de os riscos se tornarem conhecidos, houve importante reação que criou uma interação profícua entre governo e Congresso Nacional com grande cobrança de toda a sociedade.

Governos se tornaram gestores de riscos coletivos

O papel do governo em uma sociedade é um dos debates mais passionais que existe. Nas posições mais construtivas temos um espectro que varia (i) entre posições liberais e que aceitam intervenções pontuais em mercados que funcionam mal e (ii) posições mais intervencionistas que enxergam no Estado um promotor de desenvolvimento em graus variados. A política funciona como um espaço de negociação entre visões que podem ser conciliadas, mas que muitas vezes se tornam combativamente antagônicas.

Lentidão e rigidez precipitaram debate sobre normalização econômica

As ações anunciadas pelo Governo Federal, até o momento, estão muito aquém do necessário para enfrentar a crise. A comparação internacional, entre as principais medidas fiscais de resposta à crise, mostra que a disponibilidade de crédito com garantias e incentivos é essencial para evitar o estrangulamento financeiro das empresas. Existe uma clara relação entre as medidas fiscais e o crédito: países que adotam mais crédito, por enquanto, usam menos a política fiscal e vice-versa.

As principais reações à crise do Covid-19

A crise do Covid-19 se espalhou no mundo. Uma pesquisa realizada pelo IGM Forum Survey mostra que entre os economistas europeus, 82% acreditam que a economia entrará em recessão. Entre os economistas norte-americanos, 62% acreditam nessa possibilidade. A cooperação federativa foi apontada como um ponto de vulnerabilidade importante sobre a capacidade de resposta europeia, um resquício da crise do Euro. A reação inicial consiste em dar liquidez imediata aos mercados, empresas e famílias.

Algumas lições de 2008 para a crise atual

Há grande apreensão sobre o impacto do coronavírus que se espalhou no mundo e chegou ao Brasil atingindo a economia brasileira em estágio de desaceleração. A Arábia Saudita decidiu aumentar a produção do petróleo desestabilizando o mercado e colocando em dúvida a viabilidade da produção em vários países. A resposta ideal de política econômica está em entender a profundidade e a duração desses eventos.

Os três equívocos no debate sobre a ociosidade da economia brasileira

O hiato do produto é uma variável não observável que mede o grau de ociosidade da economia e produz reflexos na análise da inflação e nas possibilidades de recuperação da economia brasileira. Quando o PIB potencial é superior ao PIB efetivo, o hiato se torna negativo indicando haver ociosidade na economia. Como o PIB potencial não é observável, o hiato do produto é alvo de controvérsias que refletem visões diferentes sobre sua mensuração e como interpretá-lo.

Páginas

Subscrever Manoel Pires