Samuel Pessoa

Samuel de Abreu Pessoa. Físico e professor de economia, é pesquisador do FGV IBRE e sócio diretor do Julius Baer Family Office.

O que se passa com o setor externo?

O Banco Central já tem os números fechados para as contas externas de 2019. A economia apresentou um déficit de transações correntes de US$ 50,7 bilhões, ou 2,8% do PIB.

A perplexidade decorre de a economia ter crescido muito pouco – segundo projeções do FGV IBRE, em 2019, a economia cresceu 1,2% – e de haver expressiva ociosidade, o que parece não combinar com um déficit externo daquela magnitude.

O Chile, a maldição latino-americana e os valores da sociedade

O Chile é o país latino-americano de melhor desempenho, sem sombra de dúvida. Seu produto per capita, segundo estimativas do FMI, será, em 2020, 40% do americano, já considerando diferenças sistemáticas de custo de vida entre as duas economias. Essa mesma estatística para Brasil e Argentina é de 25% e 30%, respectivamente.

Desenha-se a recuperação cíclica

Em seguida à fortíssima crise que se abateu no Brasil entre 2014 e 2016 – maior queda nos últimos 120 anos de PIB absoluto e segunda maior queda de PIB per capita – e na sequência de uma recuperação muito lenta – por três anos seguidos, entre 2017 e 2019, a economia caminhará ao passo de cágado de 1% ao ano –, estão dadas as condições para uma recuperação cíclica, segundo a avaliação da coluna.

Liquidez excessiva sem inflação – o caso americano

Após a crise das hipotecas tóxicas – crise do subprime – que estourou com a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, os bancos centrais do mundo desenvolvido elevaram muito a liquidez nas economias. Apesar da grande expansão da liquidez, a inflação não surgiu.

Alguns analistas argumentam que a ausência de inflação após toda a enxurrada de liquidez indica que os princípios da teoria monetária se alteraram.

Lentidão da retomada

O crescimento – projetado pelo IBRE – de 1,1% em 2019 (revisto para 1,2% após o PIB crescer 0,4% no terceiro trimestre deste ano), frustrou as expectativas.1 Como já afirmei, em dezembro de 2018 esperávamos crescimento para 2019 de 2,4%. Não foi pequena a decepção. Caminhamos para três anos seguidos de retomada com crescimento anual de 1%. Tudo indica que esse é nosso potencial de crescimento. Assim, poderíamos ser pessimistas quanto ao crescimento em 2020.

Qual será o novo contrato social?

O período da socialdemocracia brasileira – os dois mandatos de FHC e os quatro do PT – gerou alguma estabilidade com crescimento econômico e, principalmente, avanços institucionais.

No entanto, esse período acabou em profunda crise que, como já tratamos inúmeras vezes nesta coluna, foi fruto do esgotamento de duas dinâmicas independentes, mas que se entrelaçaram: o contrato social da redemocratização e o intervencionismo petista.

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